Queloide

Desde pequena que a minha pele marca tudo, cada ferida que tive, por mais mínima que fosse, ficava uma cicatriz, foi sempre motivo de vergonha para mim, as fases todas, a que tinha as alergias e não podia fazer a aula de natação, a fase da cicatrização, que era igualmente feia (ou mais) porque ficava uma ferida, passava pelas cores todas, e a marca final, que apanhava mesmo o verão e me tirou todo o gosto pela praia, devido à exposição: havia sempre a pergunta: "o que tens na pele?". Demorei anos aceitar a minha pele marcada, de marcas que às vezes só eu via mas o que estava cravado era a vergonha, as situações que eu interiormente repetia, as situações que eu não esquecia. Até que tive a Maria, por cesariana, e lá veio a guerra para cicatrizar. Tive 3 anos até que a cicatriz da cesariana passasse, aumentou, ficou vermelha e fazia constantemente crosta..
Quando percebi que a marca, mais que tudo, era a minha dor fixa num momento que eu perpétuava, como todas as outras marcas. Eu não esquecia nada, eu não perdoava nada, e com isto a vida era pesada e as marcas ficavam para me lembrar. Quando soltei isso, parei esse padrão, com ajuda, acompanhamento! A ferida baixou, ficou clarinha, cicatrizou, e eu fiquei mais leve.
Somos uma mente, um corpo e um espírito.
Vale lembrar, se a tua criança é assim, não cicatriza bem (alguma ferida fica mais feia, não desaparece) é uma chamada de atenção de uma característica dela. Acredito que se acompanhar desde cedo, esta questão tão interior há marcas que não ficarão. Inicialmente chamamos a atenção dos nossos pais e posteriormente dos que nos rodeiam.