Pai
Julho é o mês do meu pai.
Meu amado pai.
O meu pai era alcoólico, vivi com ele até aos meus 6 anos, na minha ilusão era melhor pai do mundo, não entendia porque nos tinha deixado, não foi o melhor marido.
Quando a minha filha nasceu começou o processo de me compreender, "quem sou eu?" (Era a questão).
Morreu um ano antes da Maria nascer exatamente no mesmo hospital, já fiz mais processos com ele, depois da sua morte, do que alguma vez em vida.
Durante muitos anos esqueci que tinha pai, estava magoada porque ele não aparecia, a saudade congelou e eu fui esquecendo que ele existia. Até que o perdi e percebi que não mais poderia dar certo entre nós.
Mas eu estava enganada, ele deu certo em mim, prova disso é tenho a força para fazer a minha vida, consigo levar a minha palavra aos outros, o meu trabalho ao mundo, os meus dons pessoais, profissionais estão libertos.
Hoje, graças às constelações sistémicas familiares, eu vou entendendo e arrumando a minha visão do meu pai, em mim.
Não sei se ele foi desejado, não se sentiu amado, por algum motivo a minha avó parecia preferir o meu tio, segundo o seu mapa astral ele era todo subjetivo, sentimento puro, abstrato, tão eu!
Perdeu-se em si e no mundo, nos seus vários mundos, físico e mental e espiritual.
Ele que vinha à procura da justiça e da alegria, não as soube manter e sentir, que benção tenho eu, que me identifico tanto, viver num novo momento onde todos estes assuntos são moda.
Perdoa-me pai se não te compreendi, graças à tua dor e às tuas escolhas eu pude aprender e seguir outro caminho. Agradeço este olhar e cabelo forte tão teus, e esta profundidade pai, estas sombras que aprendi a amar e a caminhar para entender o sentido da vida!
Obrigada pela mãe que escolheste para mim, por toda a nossa história.
Ajuda-me a encontrar caminhos surpreendentes!
A tua filha,
Joana de Oliveira