Maternidade espelho
Tenho fugido deste tema, desta dualidade que sinto em ser mãe.
Umas horas por ser tão igual que me aviva processos que pensei ter passado, e passei porque já os vejo de outro lugar, percebo que chegou a hora de os resolver, mas por outro lado parecem pequenas feridas que se abrem.
Sinto-me constantemente a lembrar:
•Não é a minha vida, é a dela.
•Não são as minhas escolhas, são as dela.
•Agora sou a mãe.
foi ela me que mostrou o que é vida em espelho.
Outras horas porque olhar um espelho é ver o movimento exatamente ao contrário. As mesmas coisas mas de outra forma, do jeitinho dela.
E é tão doido que esse espelho é só para mim, não é para corrigir a vida dela, é para olhar para a minha!
Cada expressão alterada que tem, são as minhas expressões que tenho que moderar, a alimentação que faz menos correcta, sou eu que a apresento, a desorganização que tem é muitas vezes reflexo meu.
Dei por mim a organizar o quarto dela e a deixar o meu, já começo a explicar "filha, cada um faz a sua parte" e isso é gigante, quando lhe digo: ouço-me e entendo a expressão do "amar a si mesmo para que os outros nos amem".
Ter alguém que olha e reproduz mais o que fazemos do que o que dizemos faz-nos olhar mais os nossos actos, faz-nos pensar porque fazemos as coisas dessa forma.
O que fazemos errado, mas que fazia parte da rotina, é complicado de mudar, muitas vezes nem sabemos como fazer diferente, mudar complica os nossos dias, torna-se stressante e demorado.
Mas entretanto tem 6 anos, e eu mudei algumas coisas, por ela, por mim, penso muito na minha mãe e vou fazendo processos com ela, com o que eu vou pensava sobre ela e o que penso hoje que estou neste lugar.
Vou fazendo tentativas, experimentando formas de ser mãe da Maria, de me encaixar nela, sem me perder de mim.
Sou-lhe tão grata por isto, e tenho-lhe tanto amor, quero tanto ser assertiva com a vida dela que, por vezes, me torno demasiado inflexível.
Mete-me medo as marcas que lhe deixo e espero que um dia me entenda como um dia entendi a minha mãe, embora só aos 30 anos e precisei de muita terapia para curar a minha criança ferida que lida com a criança que ela é que tenho aquele receio fininho que possa não acontecer.
Mas é isto, ela foi a minha primeira noção de empreendimento, de investimento futuro, um tiro no escuro, cheio de esperança e de amor de que ela seja o melhor de nós.
Garantias: zero,
tentativas: milhões!!
Um dia, se leres esta mensagem filha, agarra nesta fórmula e melhora-a, transforma as palavras duras em sentimentos bons, em força verdadeira e humana, daquela que é vulnerável para se dizer que se falha mas que não se desiste, porque se ama.
E eu sei, que não és minha, e que tu mesma escolheste vir viver estes processos, estou a aprender a soltar-te, a deixar que me mostres novos conceitos, que os juntes com os nossos que estão passados de moda e cries novas formas,
a mãe acredita em TI!❤️