"Chuva no cabelo"

Costumava odiar a chuva, dizia, de "boca cheia" que chuva só nos dias que estivesse em casa, eu que nunca paro em casa.
Não gostava de chuva no cabelo, dias de chuva são terríveis para nós cabeleireiros,  chuva e a humidade que só este tempo trás.
Em dezembro já estávamos fartos de chuva, de levar as pessoas até ao carro para não apanharem nem um pingo que arruinasse o trabalho todo que acabáramos de fazer.
Os trabalhos que não fazíamos porque chovia lá fora, e cansada de dar geitos ao cabelo para o manter no lugar.
Em dezembro havia luzes na rua, luzes no salão, música de natal e chuva na rua!
Este dezembro não houve, não choveu em outubro, não choveu em novembro, não choveu no natal! (Choveu um pouco na noite, não soube a nada) Parece que nem o espirito natalício desceu em mim, queria refilar com a chuva e não podia, que desgosto.
Podia apenas ficar feliz, mas não consigo, porque tenho uma menina pequenina que precisa da chuva para manter o mundo como nós o conhecemos, nas minhas memórias de criança a chuva vinha com o inicio da escola, não quero nada que minha filha tenha como memória terrenos secos, prefiro mil vezes levar as minhas clientes de chapéu até ao carro!
Hoje fui almoçar, chove lá fora, choveu-me em cima, e fiquei feliz!!

Minha filha Maria e o seu chapéu que só durou um dia!